Queridos colegas professores, disponibilizo esta Proposta Pedagógica para auxiliá-los na utilização do meu livro com seus educandos. Este trabalho motivará nossos jovens leitores a criarem o hábito de refletirem sobre o que estão lendo, aprofundando-se em suas leituras e descobrindo as mensagens implícitas nelas.
Solicite neste e-mail o envio das Atividades em PDF: lucianamaria2012@yahoo.com.br
Proposta Pedagógica do Livro Moça dos Cabelos Longos - Uma história de amor em poesia
Apresentação
A presente Proposta, que tem base no livro “Moça dos Cabelos Longos - Uma história de amor em poesia”, objetiva a utilização do livro como apoio ao trabalho pedagógico, demonstrando aos professores envolvidos diversas possibilidades de trabalho na exploração de temas que podem ser desenvolvidos a partir da história em seus diversos momentos.
Fundamentam a Proposta os seguintes documentos: a Constituição Federal; o Parâmetro Curricular Nacional (PCN) de Geografia e História, os Referenciais Curriculares Nacional e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN).
Moça dos Cabelos Longos é um livro infantojuvenil, produzido e ilustrado pela autora, com a participação de seu esposo Michael. Por meio da Proposta Pedagógica, a obra ganhou um caráter híbrido, sendo literária e paradidática. Possui belas gravuras que dão um encantamento especial à história que, por sua vez, é toda escrita em forma de poesia – um gênero literário que muito atrai a adultos e crianças pelas rimas e musicalidade na recitação.
O livro pode ser confundido com um conto de fadas, no qual um casal apaixonado enfrenta diversas dificuldades para ficar junto no final. Mas esta é uma história que não começa com o “era uma vez”, e nem termina com o “foram felizes para sempre”, porque se trata de uma história real. É a história de dois jovens que juntos passaram por momentos de angústia e luta, enfrentaram preconceitos reais em nome do amor, problemas de saúde e dificuldades financeiras, colocando em risco os seus mais valiosos sonhos. Porém, encontraram no amor, na fé e na perseverança, a força para vencerem as barreiras e não desistirem de seus sonhos. Esta é a história de amor da autora, contada desde o dia em que conheceu seu esposo até o dia em que marcaram o casamento.
O livro oferece uma boa forma lúdica para trabalhar questões sociais, econômicas, sentimentais, de religiosidade e cidadania com os educandos, além de despertar o gosto pela poesia e desenho (arte e estética).
Pelo fato de a história ser real, com “personagens” que vivem no mesmo mundo e contexto social que os leitores, o livro promove um envolvimento mais intenso e diferenciado da criança com a história. Além disso, permite que os leitores contribuam com a sua continuação ao adquirirem o livro e sejam convidados a também escreverem suas histórias, tornando-se escritores. Estes são aspectos que elevam seu trabalho pedagógico a um nível mais significativo e efetivo de aprendizagem.
Os leitores, ou ouvintes, estão convidados a refletir e a descobrir quanta história pode conter em um longo fio de cabelo.
Proposta
Ø Os personagens serão indicados por “moça e amado”.
Ø A Operacionalização, ou seja, as sugestões de trabalho com os educandos deverão ser adaptadas de acordo o grau de escolarização dos mesmos.
1. Situações problemas e superação de dificuldades
Segundo o Referencial Curricular Nacional I (RCN I,1998), as situações problemas possuem grande importância na aprendizagem, quando tratadas de modo a fomentar discussões e busca de soluções entre as crianças, gerando novos conhecimentos, partindo de seus conhecimentos prévios em interatividade com situações desafiadoras.
O livro coloca diante da criança situações como a dificuldade da conquista da moradia e da assistência à saúde, que são os principais problemas citados na história. Estes são os problemas responsáveis que levam os personagens ao clímax de sua história: a incerteza do casamento, tanto por condições financeiras, quanto de saúde.
Ao mesmo tempo, encontramos um exemplo de luta na superação das dificuldades encontradas ao longo do caminho, manifestadas desde o início da história. A figura do amado representada como a de um guerreiro, exalta a posição de enfrentamento diante das dificuldades, e não de vítima, mas com capacidade de proteção (armadura) e ataque (espada).
Também há uma situação na história que poderá ser amplamente trabalhada em suas entrelinhas: o preconceito e o bulling. Associando as seguintes partes da história, poderemos ter uma visão mais ampla do fato vivenciado pelo amado: “Mas por que moça dos cabelos longos (...) gostaria de alguém de aparência tão oposta?”, e “Uma má formação da mandíbula (...)”, e ainda “Pelo sorriso desarmonioso que possuía (...)”. Conclui-se que o amado possui um tipo de deformidade facial, que o prejudica tanto na parte de saúde quanto na estética, diferenciando-o do padrão de beleza estabelecido socialmente. Bem sabemos o quanto a sociedade é cruel quando se depara com diferenças. Destaca-se na história o preconceito das pessoas à sua volta e o quanto as pessoas colocam critérios para a felicidade do próximo segundo conceitos superficialistas que comparam e julgam o outro pela aparência.
Indo mais além, podemos imaginar como foi a infância e vida escolar do amado, as exclusões que poderá ter sofrido, os comentários maldosos..., enfim, a sucessão de eventos deste tipo que se caracteriza como bullying. Esta é uma discussão muito necessária que o livro pode oferecer, assim como a interferência deste tipo de situação na auto-estima e formação da identidade.
A maneira como cada um vê a si próprio depende também do modo como é visto pelos outros. O modo como os traços particulares de cada criança são recebidos pelo professor, e pelo grupo em que se insere tem um grande impacto na formação de sua personalidade e de sua auto-estima, já que sua identidade está em construção. (RCN II, 1998, 13)
Os personagens superam as dificuldades juntos. Esta é uma atitude que a autora faz questão de frisar na história, quando diz que “preconceitos enfrentando, os dois caminhavam se amando. As dores tão diversas, as luzes de seus olhos tornavam dispersas”. A união e o amor eram como luz nas trevas, era o que os tornavam fortes para vencer os problemas. O mundo de hoje nos prega o individualismo e a auto-suficiência, gerando pessoas frias e solitárias. No entanto, somos seres de natureza interdependente, desde o nascimento até os últimos anos de vida somos completamente dependentes uns dos outros, fisica ou afetivamente, seja para se alimentar ou se vestir, seja para aprender ou para sorrir. Encontramos no livro, a valorização da pessoa do outro, que devemos contar com alguém para partilhar tanto as tristezas, quanto as alegrias e sonhos, pois juntos, somos mais fortes. Saber que temos alguém por nós, até mesmo em momentos de doença ou fragilidade física, segurando a nossa mão (como quando o amado realiza a cirurgia), nos dá forças para seguir adiante.
Outro ponto importante, e por que não dizer o primordial do livro, foi o motivo de sua existência: construir um lar. O livro é um exemplo do uso da criatividade como ferramenta para encontrar meios de solucionar um problema e realizar um sonho. Mostra que podemos encontrar alternativas saudáveis e promotoras do bem para alcançar objetivos e beneficiar outras pessoas, pois, no caso deste livro, está vinculado ao sonho da moça o desejo de transmitir uma mensagem de “amor e fé em Deus”. Ou seja, não se trata apenas da busca de algo para si, mas a busca primeira em oferecer algo de bom ao leitor, pregando que o amor e o bem trazem boas compensações, e são condições para uma vida feliz e cheia de realizações.
O fato de a moça contar com a ajuda do leitor para realizar um sonho, ou solucionar uma situação problema, dão um sentido especial à história e um envolvimento diferenciado com ela. O leitor que adquiriu o livro desempenha um papel ativo na história, pois passou a contribuir para superação de uma dificuldade e construção de um sonho. Mais uma vez, manifesta-se aí a importância da união, até mesmo entre pessoas que nem se conhecem, manifestando o sentimento de solidariedade.
Em conclusão, o trabalho com a alteridade é um ponto especial que o professor pode extrair do livro.
Operacionalização
Objetivo
Ø Promover atitudes de solidariedade, união e perseverança, ajudando nas dificuldades dos colegas e empenhando-se na superação das próprias dificuldades.
Ø Exercitar e praticar a alteridade, colocando-se no lugar do outro e valorizando-o.
Na história, os personagens enfrentaram problemas como: preconceitos e dificuldade de conquista da moradia e tratamento de saúde. Em nossa vida também vivenciamos situações que se apresentam como barreiras em nosso caminho.
- Os educandos pensarão em uma dificuldade que tenham (de realizar algo, por exemplo) ou que estejam passando em casa ou na escola (poderão também escrever isto em um papel)
- Com todos sentados em círculo no chão, o educador girará uma garrafa (ou objeto com ponta) no centro do círculo para que aleatoriamente aponte para um educando. Este, falará para o grupo sua dificuldade. O mesmo procedimento será repetido até que todos tenham falado.
Para enfrentar seus problemas, o casal da história vivenciava algo muito importante que os ajudava neste enfrentamento e superação: união e perseverança. Unidos somos mais fortes. Contar com a ajuda de alguém, ou deixar que contem conosco, nos torna mais fortes e passamos a valorizar mais o outro. Além de estar unida ao seu amado, a moça buscou unir-se com o leitor, que passou a ser um contribuinte na superação da dificuldade de construir sua casa. Quanto mais buscamos nos unir ao outro e perseverar em nossos objetivos, mais fácil superamos nossas dificuldades.
- Perguntar aos educandos sobre qual foi a atitude dos personagens diante dos problemas. Após terem compreendido um pouco mais sobre a importância da união e perseverança, o professor os questionará sobre o significado do preconceito e bullying, que é um problema muito comum no ambiente escolar e também fora dele. Fomentará uma discussão sobre o assunto, analisando se há alguma situação deste tipo que algum colega esteja passando, e buscar meios para reverter tal situação.
- A classe discutirá sobre as dificuldades apresentadas por cada um dos colegas, oferecendo ajuda de forma coletiva ou individual. Serão ações de intervenção que poderão estender-se a curto ou médio prazo, de acordo com a dificuldade de cada colega.
2. Identidade – Valorização da história de vida e dos sonhos
O livro conta uma etapa da história da vida da autora, tratada com carinho e importância. Já na primeira página, no início da história, encontramos um sonho, que é o princípio motor de toda ela: o sonho do casamento, da vivência de um amor em sua mais alta expressão, que é na constituição de uma família. Em nome disso, os personagens constroem uma história, traçaram objetivos/ metas, e lutaram para realizá-las. Vivenciaram dificuldades e alcançaram vitórias, sem nunca perderem o foco.
Cada um de nós tem uma história de vida diferente, e formas diferentes de encará-la. Mas é triste ver o quando existem pessoas que fizeram de suas histórias apenas uma sucessão de fatos e atos sem sentido e profundidade, pois não aprenderam a sonhar e traçar metas para suas vidas. Entra aí, o papel do professor enquanto semeador de sonhos, que abre os olhos dos educandos para avistarem novos horizontes, novas oportunidades de vivenciar e sonhar coisas boas, oferecendo uma maior possibilidade de significação da vida, sem a qual esta perde todo o sentido e abala a construção da identidade.
Contar histórias é um recurso muito importante que amplia a mente do educando. “A leitura de histórias é um momento em que a criança pode conhecer a forma de viver, pensar, agir e o universo de valores, costumes e comportamentos de outras culturas situadas em outros tempos e lugares que não o seu”.(RCN III, 1998, 143). No entanto, valorizar a história individual, pedindo para que o educando conte como é sua história de vida, a história de sua família, é fundamental nesse processo de construção da identidade. Sabendo quem somos, de onde viemos e como viemos (em que ambiente e história), nos situamos no espaço e na história enquanto indivíduos.
A fonte original da identidade está naquele círculo de pessoas com quem a criança interage no início da vida. Em geral a família é a primeira matriz de socialização. Ali, cada um possui traços que o distingue dos demais elementos, ligados à posição que ocupa (filho mais velho, caçula etc.), ao papel que desempenha, às suas características físicas, ao seu temperamento, às relações específicas com pai, mãe e outros membros etc. (RCN II, 1998. 13)
Operacionalização
Objetivo
Ø Ampliar o universo de conhecimento social, conhecendo e valorizando as particularidades e sonhos que compõe a história de vida de outras pessoas.
Ø Traçar estratégias de ação, visando a realização de sonhos/objetivos.
· O educador elaborará um questionário com algumas questões do tipo:
Onde você nasceu?
Quantos anos tem?
Qual a cor que mais gosta?
Qual seu lugar preferido?
O que mais gosta e o que menos gosta de fazer?
O que mais te deixa triste e o que mais te deixa feliz?
· Entregar o questionário aos educandos para que respondam e solicitar que escrevam em um papel separado um sonho que almejam alcançar. Pedir para que não vejam os escritos uns dos outros.
· De posse dos papéis, o educador embaralhará os questionários e entregará aleatoriamente aos educandos, deixando os papéis com os sonhos expostos em uma mesa. Estes terão que deduzir quem é autor das repostas do questionário que foi entregue a ele, e escolher na mesa qual o sonho que pertence àquela pessoa (colega), e socializar suas conclusões
· Cada educando identificará seu questionário e sonho, socializando-os com toda a classe.
· Confecção de um cartaz no qual os educandos colocarão seus sonhos de um lado, e do outro, as formas/estratégias para alcançá-los.
Ao partilhar sonhos, nos deparamos com novos horizontes, e isto nos possibilita a também desbravá-los - o que antes, sem ter seu conhecimento, não seria possível.
3. Os direitos sociais
A moradia e saúde são dois temas tratados no livro e constituem-se como direitos garantidos por lei. Consta no artigo 6º da Constituição Federal de 1998, que “São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia”.
Moradia e saúde são, entre outras, necessidades fundamentais para nossa qualidade de vida e dignidade humana. Ao tratar desta questão na história, a autora expõe a dificuldade da conquista da moradia para pessoas de classe baixa, e também da assistência à Saúde. O amado apresentava um problema de saúde que se agravava com o passar do tempo e que, à princípio, só conseguiria tratamento se pagasse por ele - e não seria pouco dinheiro, pois teriam que utilizar o dinheiro da compra de um terreno, e se abdicarem de uma necessidade em nome de outra. Quantas pessoas hoje em dia, por não terem este direito garantido, têm que se desfazer do mínimo que conseguiram para a manutenção da sua saúde. O educador, ao informar sobre os direitos e deveres, fomentando discussões e reflexões sobre eles, contribue muito na formação da cidadania do educando.
Levando também em consideração o conceito de Saúde, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), que diz que a saúde não é apenas a ausência de doença, mas o completo bem estar físico, mental e social, assim sendo, a garantia desses direitos constitui-se como condição para saúde humana – uma vez que a saúde está diretamente ligada à condição de vida do indivíduo de um modo geral: como ele mora, vive e como é tratado enquanto cidadão, em sua dignidade, no âmbito material, sentimental e emocional. No Parâmetro Curricular Nacional (PCN) de Geografia e História (2000), o tema moradia tem papel importante para o desenvolvimento da identidade, localização no espaço-tempo, entre outros aspectos, como econômicos e culturais, que influenciam no tipo de casa que possui, das casas que circundam a sua e que caracteriza o contexto social em que vive. Tais aspectos devem ser trabalhados desde a educação infantil.
No livro, podemos identificar um tipo de moradia específica, em um ambiente específico, que de é interior. Os educandos poderão refletir e levantar hipóteses sobre como é e o que tem neste tipo de local onde o casal vai morar (vegetação, animais, solo, clima, estrutura social...) e o tipo de vida que se costuma levar neste ambiente. Poderão, também, fazer pesquisas, comparações com a região em que moram. Tudo isso adequando a cada faixa etária do educando.
Operacionalização
Objetivo
Ø Conhecer a importância da moradia e saúde enquanto direitos sociais e interferentes na qualidade vida das pessoas.
Ø Identificar possibilidades de ação e proteção em relação a estes direitos.
Na história, os personagens almejam conseguir dois direitos que são garantidos por lei como direitos sociais: saúde e moradia. O ambiente social e físico onde moramos, assim como a condição de vida que temos nele, constituem-se como um fator de grande importância na construção de nossa história e qualidade de vida.
Neste ano, teremos o maior investimento de em Saúde desde 1995, no intuito de amenizar nossa difícil situação nesta área. Quanto ao setor de moradia, cresce a cada dia o número de pessoas sem ter onde morar, principalmente pelo fato dos recentes desastres, como alagamentos e desmoronamentos durante as fortes chuvas. Os projetos sociais nesta área não têm dado conta da demanda destes cidadãos sem moradia. E ainda, para grande parte dos brasileiros, as condições econômicas inviabilizam a aquisição da casa própria.
· Solicitar aos educando que realizem uma pesquisa, entrevistando cerca de 20 pessoas que responderão ao seguinte questionário:
Mora em casa própria? ___sim; ___não
Tem Plano de Saúde? __sim; __não
· Com o término da pesquisa, expor na sala de aula os resultados. Somarão todos eles e chegarão a um censo, que passarão para um cartaz da forma que o educador pensar ser mais adequado (gráfico, porcentagem ou em números)
· O educador fomentará uma discussão sobre os resultados, questionando o motivo de haver pessoas sem casa própria; Por que as pessoas pagam Planos de Saúde quando existe o SUS, que é de graça? Qual é a importância da moradia em sua vida? O que é saúde? Esclarecer sobre o conceito de saúde segunda a OMS.
· Propor a construção de uma casa, ou prédio (ou os dois, dividindo a classe em grupos), utilizando caixas de leite que serão arrecadadas pelos educandos. Estas poderão ser encapadas com jornais ou revistas velhas, e serão utilizadas como os tijolos desta construção. Podem-se utilizar outros materiais reaproveitáveis sugeridos pelos alunos. Enfatizar o reaproveitamento de materiais como melhoria da qualidade de vida e preservação do planeta, o que reflete diretamente na saúde das pessoas.
· Após a construção da casa, cada educando dirá onde estará a casa de seus sonhos (pais, cidade, ambiente), como será, e o porquê desta escolha.
· Os educandos pensarão em meios para alcançar este objetivo da conquista da casa, traçando metas para suas vidas. Poderão escrever estas metas na parede da casa, mais especificamente na base dela, próxima ao chão, simbolizando que nossas ações/metas são as bases possibilitadoras de nossas conquistas. No telhado da casa, que simboliza proteção, podem ser escritas palavras que garantam nossa saúde/qualidade de vida, como: urbanização, paz, igualdade social, boa alimentação, assistência à saúde de qualidade...
4. Religiosidade e amor
A religiosidade é reconhecida como parte do ser humano. O ensino que contemple o desenvolvimento pleno do sujeito humano na sociedade deve levar em conta a importância do trabalho educacional nesta esfera. Em vista disto, encontramos nas Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), de 1996, o reconhecimento da religiosidade enquanto parte da formação básica do cidadão, porém sem a pretensão de professar uma fé religiosa específica, respeitando a diversidade. O Congresso Nacional decreta, no Artigo 33:
O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo. 1º - Os sistemas de ensino regulamentarão os procedimentos para a definição dos conteúdos do ensino religioso e estabelecerão as normas para a habilitação e admissão dos professores. 2º - Os sistemas de ensino ouvirão entidade civil, constituída pelas diferentes denominações religiosas, para a definição dos conteúdos do ensino religioso. (LDB, 1996)
Transcender a matéria é uma aspiração comum dos seres humanos. E muitos encontram na religiosidade e na fé, a valorização da pessoa humana, a vivência de práticas de valores em busca de um aperfeiçoamento espiritual, melhor convivência com o próximo e siginificação para a própria existência.
O Ensino Religioso ocupa-se com a educação integral do ser humano, com seus valores e suas aspirações mais profundas. Quer cultivar no ser humano as razões mais íntimas e transcendentais, fortalecendo nele o caráter de cidadão, desenvolvendo seu espírito de participação, oferecendo critérios para a segurança de seus juízos e aprofundando as motivações para a autêntica cidadania. (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1987/1988)
A vivência saudável da espiritualidade agrega valores e fortalece ainda mais as bases morais e de princípios que se constroem desde a infância.
Nesta questão, o Livro Moça dos Cabelos Longos, pode ser utilizado como um instrumento de discussão e reflexão sobre a presença do divino nas relações humanas e sua contribuição. No livro, há a valorização do que não se pode tocar, apenas sentir, como o amor e Deus. Este se faz presente desde o início da história, como alguém de grande importância, como algo que o amado pensa ter de mais especial para oferecer à moça: o contato com Deus. Deus é fonte de toda virtude do amado e torna-se base do amor: “E na pureza de seu amor apresentara-lhe o Senhor, de onde toda sua virtude surgia, e rocha sobre a qual o amor se construía”. Ou seja, o amor que está se construindo é firmado em valores que sustentam este amor.
Podemos destacar aí, a importância de vincular o amor ao que se acredita ser bom e de valor. Ainda por mais quatro vezes na história, percebe- se este vínculo do amor à figura de Deus, desde momentos simples da história, como no sonho de terem uma casa e estarem sentados debaixo de uma árvore “como que nos pés de nosso Senhor”, até momentos sublimes, como no sonho de estar diante do altar. E já no final da história, a moça revela que o que mais deseja, é que os leitores sejam tocados pelo amor e confiem em Deus. Esta confiança é mencionada como combustível que nos faz continuar o caminho, apesar dos “espinhos”, e não deixar a chama do amor e da esperança se apagar. E encerra a história com um incentivo ao amor, dizendo que coisas boas acontecem aos que nunca desistem de amar.
Operacionalização
Objetivo
Ø Valorizar o sentir/sentimento;
Ø Estimular o amor ao próximo;
Ø Respeitar a diversidade religiosa.
A moça e o amado vivem uma história de amor e de fé, acreditando no alcance de objetivos distantes de suas capacidades. Fé é acreditar no que não se pode ver, é ter certeza do incerto, é crer no impossível. Quando acreditamos que Deus existe é porque temos fé, pois não podemos vê-lo concretamente. Ter fé tem muito mais a ver com o que sentimos do que com o que podemos explicar ou mostrar, assim como o amor. Todos sabemos que o amor existe, embora não possamos vê-lo e nem medi-lo. O amor, assim como Deus, se sente, e por eles somos capazes de fazer coisas grandiosas.
Cada um de nós tem fé em coisas diferentes porque sentimos diferente uns dos outros e vivemos em contextos diferentes. A espiritualidade, ou a fé religiosa, é um resultado disto. No Brasil há uma variedade de religiões (fé). As religiões promotoras do bem são aquelas em que a fé anda de mãos dadas com o amor ao próximo.
· Pedir aos educandos que digam, ou façam uma lista com o nome de duas ou mais pessoas que amam. Escolher uma pessoa e dizer o porquê a ama e como pode provar que este amor existe. Refletir sobre o quanto as atitudes revelam e tornam reais nossos sentimentos.
· Em roda de conversa, expor crenças individuais e seus benefícios na vida pessoal, respeitando as dos demais colegas. Refletir sobre o porquê de acreditarmos em coisas que não são palpáveis, como Deus.
· Cada educando deverá trazer uma história, parábola ou lenda de sua religião que transmita uma mensagem de amor ao próximo, e socializar com os colegas.
· Escolher uma história, parábola ou lenda, de cada religião do grupo por meio de votação. Preparar encenações destas para apresentação para outras classes.
Referências
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de outubro de 1988. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado, 1988. 292 p.
Parametros curriculares nacionais: historia - geografia. 2.ed. Brasilia: MEC/SEF/DP&A, 2000. 166p.
Referencial curricular nacional para a educação infantil. Brasilia: MEC/SEF, 1998. v.01,02,03.
CONSTITUIÇÃO DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Disponível em: <http://www.nepp-dh.ufrj.br/oms2.html>. Acesso em 16 dez.2010.
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, lei 9.394/96. 3. ed. Rio de Janeiro: DP & A, 2000. 134 p